Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, tem utilizado sua imagem pessoal como uma ferramenta estratégica nas redes sociais, visando fortalecer sua base de apoio e influenciar o debate político. Recentemente, ele compartilhou uma foto de seu abdômen após uma cirurgia, acompanhada de uma legenda técnica detalhada. Essa postagem gerou mais de 37 milhões de interações em menos de 24 horas, evidenciando o impacto de sua presença digital. Segundo especialistas, essa abordagem remete à narrativa do “sobrevivente”, iniciada após o atentado sofrido em 2018, e reflete uma estratégia de comunicação que mescla elementos pessoais com objetivos políticos.

A exposição da imagem corporal de Bolsonaro nas redes sociais não é uma novidade. Desde sua campanha presidencial de 2018, ele tem utilizado momentos íntimos e pessoais para criar uma conexão emocional com seus seguidores. Essa estratégia busca humanizar sua figura pública e reforçar a percepção de autenticidade e proximidade com o povo. Especialistas em comunicação política destacam que, ao compartilhar aspectos de sua vida pessoal, Bolsonaro consegue estabelecer uma narrativa de superação e resistência, características valorizadas por sua base eleitoral.

Além disso, a escolha do horário para a postagem — um sábado à noite, período de alta atividade nas redes sociais — demonstra um planejamento estratégico para maximizar o alcance e engajamento da publicação. A combinação de uma imagem impactante com uma legenda técnica detalhada cria um contraste que atrai a atenção dos seguidores e estimula a interação. Esse tipo de conteúdo, que mistura elementos pessoais com informações técnicas, tem se mostrado eficaz na construção de uma narrativa que ressoa emocionalmente com o público.

A estratégia de comunicação de Bolsonaro nas redes sociais também envolve o uso de outros elementos simbólicos, como a religiosidade e o nacionalismo. Ao associar sua imagem a símbolos religiosos e patrióticos, ele reforça sua identidade como defensor dos valores tradicionais e da moral conservadora. Essa abordagem visa consolidar sua base de apoio entre eleitores que compartilham dessas crenças e valores. Além disso, ao se posicionar como um líder que enfrenta adversidades pessoais, ele busca fortalecer sua imagem de líder resiliente e determinado.

No entanto, essa estratégia também enfrenta críticas. Especialistas apontam que a constante exposição da vida pessoal de Bolsonaro pode ser vista como uma tentativa de desviar a atenção de questões políticas e administrativas mais complexas. Além disso, há preocupações sobre a ética de utilizar momentos íntimos para fins políticos, questionando os limites entre a privacidade e a exposição pública. Essas críticas ressaltam a necessidade de um debate mais amplo sobre as práticas de comunicação política nas redes sociais e seus impactos na sociedade.

Em resposta a essas críticas, assessores de Bolsonaro defendem que a estratégia de comunicação é uma forma de aproximar o político do povo e mostrar sua humanidade. Eles argumentam que, em um ambiente político polarizado, é essencial estabelecer uma conexão emocional com os eleitores para manter a relevância e o apoio popular. Essa perspectiva sugere que a exposição da vida pessoal é uma ferramenta legítima na construção da imagem pública de um político.

Em síntese, a utilização da imagem corporal por Bolsonaro nas redes sociais reflete uma estratégia de comunicação que mescla elementos pessoais com objetivos políticos. Essa abordagem visa fortalecer sua base de apoio, influenciar o debate público e consolidar sua identidade como líder resiliente e defensor de valores tradicionais. No entanto, ela também levanta questões sobre os limites da exposição pública e a ética na comunicação política. O debate sobre essas práticas é fundamental para compreender as dinâmicas da política contemporânea e o papel das redes sociais na formação da opinião pública.

A estratégia de imagem corporal de Bolsonaro nas redes sociais é um exemplo de como a comunicação política evoluiu na era digital. Ao utilizar plataformas como Instagram e Twitter para compartilhar aspectos de sua vida pessoal, ele consegue alcançar diretamente seus seguidores e moldar sua imagem pública de maneira eficaz. Essa prática demonstra o poder das redes sociais na construção da narrativa política e na mobilização de eleitores. No entanto, também destaca a necessidade de uma reflexão crítica sobre o uso dessas ferramentas e seus impactos na democracia e na sociedade.

À medida que as eleições se aproximam, espera-se que Bolsonaro continue a utilizar sua imagem pessoal como uma ferramenta estratégica nas redes sociais. Essa abordagem, que combina elementos pessoais com objetivos políticos, tem se mostrado eficaz na construção de sua narrativa e na mobilização de sua base de apoio. No entanto, é importante que os eleitores estejam atentos às estratégias de comunicação utilizadas pelos políticos e desenvolvam uma compreensão crítica das informações que recebem. A educação midiática desempenha um papel crucial nesse processo, capacitando os cidadãos a analisar e interpretar as mensagens políticas de maneira informada e consciente.

Autor: Weber Klein